Igreja Batista Redenção

De
fato, seguindo as propostas de certas vertentes da psicologia secular,
muitos ateus definem Deus como uma projeção mental, algo que a pessoa
inventa pra encontrar sentido na vida ou conforto na hora da dor.
Outros, acolhendo ideias comunistas, definem Deus como um instrumento
criado por elites privilegiadas a fim de dominar e controlar as massas.
Os de esquerda dizem isso indignados, como se o comunismo achasse
absurda a ideia de dominar e controlar as massas (hahaha!).
Seguindo
a proposta de que todo mundo tem uma teologia, a questão que vem a
seguir é: como alguém pode ajustar sua teologia ao que é verdadeiro, ou
seja, como pode ter uma teologia substancialmente correta, livre de
desvios grosseiros, de concepções infundadas e de pareceres equivocados?
Entre
os cristãos, a preocupação com essa pergunta é muito sincera. Convictos
da existência de Deus e tendo sido fortemente impactados por seu amor
quando foram alcançados pelo Evangelho de Cristo, esse povo anela mesmo
por conhecer os contornos reais dos caminhos de Deus, do seu caráter, da
sua vontade, dos seus planos e do seu modo de agir. Porém, mesmo entre
os cristãos ocorrem erros terríveis na construção da boa teologia,
gerando noções doutrinárias perigosas que acabam, enfim, por destruir
vidas, famílias e igrejas. Como e por que isso acontece?
Estando
envolvido diretamente e há décadas com o povo evangélico das mais
variadas denominações, origens e formações, suspeito conhecer a
resposta. Penso que o povo de Deus se divide entre aqueles que fazem
teologia a partir de noções gerais da Bíblia somadas às
intuições lógicas e aqueles que fazem teologia a partir da hermenêutica
objetiva que só se ocupa do significado real do texto bíblico, sem se
importar se suas conclusões satisfazem a lógica ou não.
Deixe-me explicar melhor. O primeiro grupo é composto por irmãos que leem a Bíblia
e captam as doutrinas elementares da fé, acolhendo-as sem nenhuma
resistência. Porém, quando se veem diante de textos difíceis, isto é, de
porções da Bíblia que desafiam suas noções básicas de
coerência, racionalidade e lógica, imediatamente rejeitam o que esses
textos dizem ou os distorcem para que se encaixem no seu modo de pensar (2Pe 3.15,16). Para eles, se têm de escolher entre a lógica e o sentido real do texto, ficam com a primeira opção.
Vou dar um exemplo típico disso: a Bíblia diz que o homem deve orar (1Ts 5.17) e diz também que Deus já prefixou o futuro (Sl 139.16).
Os crentes de que estou falando percebem que é impossível conciliar
esses dois ensinos. Eles não veem coerência ou harmonia entre esses
enunciados. Dizem que é ilógico e, então, em vez de rejeitar a lógica,
rejeitam uma das verdades bíblicas em questão ou distorcem os textos que
as embasam para que tudo se encaixe em sua mente, sem nenhuma
dificuldade ou contradição.
O
problema é que destruir uma das duas verdades mencionadas constitui um
golpe severo contra a teologia cristã e também um desvio típico de
qualquer seita! O crente que se baseia predominantemente na razão,
porém, não enxerga isso e, preservando o que para ele é lógico,
sacrifica a revelação de Deus. Eis aí, então, uma das principais fontes
da teologia deturpada que se propaga no meio evangélico.
Já o segundo grupo de cristãos é diferente. É um grupo formado por crentes que têm como autoridade última de fé a Bíblia
e não o mero raciocínio tipo dois mais dois é igual a quatro. Eles
percebem que muitas vezes não há como conciliar duas ou mais verdades da
Escritura. Percebem que muitas vezes algumas doutrinas
bíblicas parecem se anular mutuamente. Contudo, eles sabem que sua mente
é limitada e que nem tudo na revelação de Deus pode ser explicado a
partir da lógica (Rm 11.33,34). Por isso, se recolhem em humildade e aceitam a totalidade do que a Bíblia ensina, sem rejeitar nada, mesmo quando não são capazes de conciliar tudo perfeitamente em suas cabeças.
Esse
é o grupo da boa teologia. É o grupo da teologia feita sob o primado da
revelação e não da razão. É o grupo que, humildemente, diz “eu não sei”
quando se vê diante de algo inexplicável e, nesse aspecto, é mais
louvável aos olhos de Deus do que o outro grupo que, orgulhosamente, diz
“eu não aceito”.
Como
eu disse a princípio, todos são teólogos em algum grau. Todos têm seus
conceitos acerca de Deus e constroem sistemas doutrinários ligados a
isso. A questão é: você é um teólogo que prioriza a razão ou um teólogo
que prioriza a revelação? É do tipo que, diante de questões difíceis que
o incomodam, diz “eu não sei”, ou do tipo que, irritado com verdades
bíblicas que desafiam a lógica, diz “eu não aceito”?
É
importante definir o tipo de “teólogo” que você é, pois a defesa da sã
doutrina e a promoção da glória de Deus por meio da sua vida dependerão
fatalmente disso.
Pr. Marcos GranconatoSoli Deo gloria
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