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sábado, 21 de março de 2015

SE JÁ SOU ELEITO MESMO, PRA QUE VIVER EM SANTIDADE ?

IGREJA BATISTA REDENÇÃO

Se já Sou Eleito mesmo, pra que Viver em Santidade?

Por causa do texto que escrevi na semana passada, um leitor me enviou a mensagem abaixo:
Prezado Pr. Marcos:
Eu gostaria de dizer que concordo com o que o senhor escreveu no boletim da semana passada, mas minhas dúvidas são outras.
Tendo em vista a eleição incondicional, qual o ponto chave para que um crente não esfrie seu amor por Deus ou deixe de fazer boas obras por saber que é eleito? Outra coisa: Por que ele se sentiria no dever de evangelizar, se Deus já tem seus eleitos que fatalmente irá salvar? Devo orar para que Deus salve os outros? Será que adiantaria orar por isso se Deus já elegeu os seus? Já que somos eleitos, é necessária a comunhão?
Minha dúvida é nesses pontos, pois parece que a doutrina da eleição deixa os crentes “de mãos atadas”. Não importa o que eu faça, Deus já elegeu os seus, seja para o seu amor ou para a sua ira.
Irmão Y
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Sei que os questionamentos do irmão Y são muito comuns. Por isso, publico aqui a resposta dada a ele também.
Prezado irmão Y:
Obrigado por ter coragem de levantar essas questões. Você não tem ideia de como exatamente essas perguntas incomodam os crentes que aprendem a doutrina da eleição incondicional. Aliás, muitas vezes, os arminianos as fazem para atacar essa doutrina, acreditando ingenuamente que elas são um “xeque-mate” para a teologia bíblica da soberania de Deus na salvação. De antemão, porém, deixe-me tranquilizá-lo. Essas perguntas não são um xeque-mate. Como você verá, elas são apenas os movimentos inofensivos de um peão nas mãos de um aprendiz de xadrez. Vamos por partes.
A figura de alguém que nasceu de novo pela fé em Cristo e passa a vida sem amor por Deus, sem boas obras e sem preocupação com a vida de santidade é uma invenção. Essa figura não existe. Vou explicar por quê.
Note bem: para o arminianismo a fé salvadora é apenas uma decisão humana, algo de origem natural que procede da mente da pessoa, como a decisão de fazer um curso de espanhol ou a opção de acreditar nas histórias contadas por nossos avós. Para eles, a fé salvadora é algo só da gente — uma reação natural, humana e, às vezes, passageira.
Segundo a Bíblia, porém, a fé salvadora não é assim. Ela é uma fé santa, sobrenatural e transformadora, cuja fonte é Deus, sendo ele também quem a concede aos seus eleitos (Jo 6.37,44,65; Ef 2.8; Fp 1.29; Hb12.2). Aliás, seria uma piada acreditar que uma fé dessa natureza pudesse ser gerada pelo depravado e enganoso coração humano (Jr 17.9). Isso seria o mesmo que acreditar que uma fossa produza orquídeas ou que uma lesma possa dar à luz um querubim. Um absurdo!
Pois bem, essa fé santa, segundo a Bíblia, não é somente santa. Ela também é santificadora. Isso significa que ela é dinâmica e atuante, trabalhando na vida de quem a recebeu e produzindo transformações na vida dessa pessoa. Um professor meu dizia que o homem salvo é salvo pela fé somente, mas essa fé somente não é uma fé sozinha. Ela é acompanhada de poder purificador. Assim, o indivíduo que tem essa fé sobrenatural é transformado numa nova criatura (2Co 5.17), sua culpa diante de Deus desaparece (Rm 5.1; 8.1), o amor de Deus passa a ser derramado em seu coração (Rm 5.5), a inclinação do Espírito (uma nova atração e tendência para as coisas santas) passa a ser experimentada por ele (Rm 8.5), o domínio da carne sobre ele começa a se enfraquecer (Rm 6.6; Cl 3.9-10), uma obra de aperfeiçoamento espiritual tem início na vida desse indivíduo (2Co 3.18; Fp 1.6), a iluminação especial do Espírito Santo passa a operar em sua mente, fazendo-o aceitar coisas que antes ele via como absurdas (1Co 2.14-15). Enfim, essa fé muda tudo, não deixando espaço para a hipótese que você levantou de um crente com as mãos atadas para a obra do bem; alguém que passa a vida no chiqueiro do mundo, sem ligar pra nada e pensando: “Já sou eleito mesmo (óinc!)”.
Você deve estar pensando: “Ei, espere um momento! A Bíblia fala de crentes carnais! Pastor, você se esqueceu da igreja de Corinto? Havia ali gente imoral, gente briguenta e até gente que se embriagava durante a ceia? E aí? Cadê a obra santificadora da fé nesses crentes?”.
Opa! Boa pergunta! De fato, os coríntios eram encrenca! E não adianta tentar fugir do problema dizendo que eles não eram crentes de verdade, porque eles eram sim. Paulo chega a dizer que eles eram santificados! (1Co 1.2). Como, então, harmonizar a fé santificadora com a realidade de crentes assim?
Irmão Y, algo muito evidente no Novo Testamento é que a fé salvadora não garante a ausência de períodos temporários de fraqueza. A fé salvadora atua aos poucos na pessoa (2Co 3.18; Fp 1.6). Ela não erradica de uma vez a natureza pecaminosa do crente, nem garante que ele não caia em tentações. No entanto, mesmo em meio a tudo isso, ela continua atuando, impedindo que a pessoa viva no desagrado de Deus por um tempo sem fim. Você sabe quanto tempo durou a carnalidade dos coríntios? Durou mais ou menos três anos (talvez menos). Durante esse tempo, Paulo escreveu três cartas a eles (duas delas nós não temos mais hoje) e enviou dois mensageiros para admoestá-los (Timóteo e Tito). Então, os coríntios se arrependeram e Paulo lhes escreveu uma quarta carta (é a nossa 2Coríntios) elogiando a atitude deles (2Co 7.9-11).
Está vendo? A fé salvadora, ainda que não faça um trabalho de transformação imediata, é sempre atuante. O Espírito que habita naquele que a tem opera no coração dessa pessoa e a incomoda. Então esse indivíduo se arrepende logo e prossegue em sua vida cristã normal. Assim, a figura do eleito do Senhor que pensa “já sou eleito, vou deixar Deus de lado, abandonar meus irmãos e cair na farra” e passa a vida inteira assim é um mito. Aliás, não acredite na conversão de gente que está desviada há dez, vinte ou trinta anos. O crente verdadeiro tem uma fé viva (diferente da fé morta mencionada por Tiago). E essa fé viva produz frutos de santidade, amor e pureza (Mt 13.23). Se em algum momento, isso tudo parecer sumir no crente verdadeiro, essa fase durará pouco, pois o Autor da fé é também seu Consumador (Hb 12.2) e ele fará com que essa fé volte a frutificar bem depressa, como fez em Corinto.
Bom, você também perguntou sobre evangelismo e oração. Sobre isso vou escrever na semana que vem, ok? Meu espaço acabou!
Forte abraço,
Pr. Marcos Granconato
Soli Deo gloria

segunda-feira, 16 de março de 2015

DEUS AMA A TODOS, MAS NÃO SALVA A TODOS !

Recentemente, recebi a seguinte mensagem:
Paz e Graça, Pr. Marcos.
Eu tenho uma dúvida sobre 1Timóteo 2.3-4. O senhor disse certa vez que esse texto significa que Deus realmente quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade.
Entretanto, acho que isso contraria a doutrina da eleição incondicional. Veja a contradição no silogismo abaixo:
1) Deus escolhe os eleitos de acordo com a sua soberana vontade;
2) Deus quer que todos os homens se salvem;
3) Deus escolhe apenas alguns para a salvação.
Conclusão: a vontade de Deus NÃO foi satisfeita. De acordo com esse raciocínio, haveria algo maior que limitaria a vontade de Deus. Logo, parece-me que o único meio de o calvinismo resolver essa questão é dizer que no texto de 1Timóteo 2.3-4 “todos os homens” não significa “todos”. Se significasse, a vontade de Deus seria limitada por algum fator. Que fator seria esse?
Desculpe prolongar-me na pergunta. Aguardo ansioso pela resposta.
Irmão Z
.................
A pergunta do irmão Z circula pela cabeça de muita gente. Por isso, resolvi compartilhar com todos a resposta que enviei para ele:
Prezado irmão Z,
Obrigado por levantar essa importante questão. Espero poder ajudá-lo com o que escrevo a seguir.
De antemão, queria destacar que o silogismo não é a melhor maneira de se fazer teologia. Já usaram bastante esse método no período escolástico (quando tentaram casar teologia com filosofia) e o resultado não foi a obtenção de verdades bíblicas, mas sim um modelo tão distante das Escrituras que foi necessário o advento da Reforma pra tentar resolver um pouco as coisas.
Outra ressalva que quero apresentar é que eu creio sim que Deus quer que todos os homens sejam salvos. No entanto, penso que o texto de 1Timóteo não seria interpretado de forma absurda se entendermos “todos os homens” no sentido expresso nos vv.1-2. Veja com atenção esses versículos, em que Paulo manda orar por “todos os homens” e então dá um exemplo do que tem em mente, dizendo “em favor dos reis...”. Isso mostra que “todos os homens”, nessa passagem, pode sim se referir a classes de homens: reis, governadores, escravos, gentios, judeus... É esse o sentido claro de “todos os homens” no v.2 (aliás, seria impossível orar em favor de cada indivíduo que há no mundo) e pode muito bem ser também o sentido da expressão no v.4.
Mesmo assim, creio que Deus quer que todos os homens sejam salvos. Só estou dizendo que o texto de 1Timóteo 2 não é o melhor texto para se defender isso, como pensam os arminianos.
O que eu disse, porém, leva à questão levantada por seu silogismo. Como se pode conciliar isso com a doutrina da eleição? Vou tentar explicar apresentando uma sequência de verdades:
1. Deus quer que todos os homens se salvem, pois é um Deus de amor infinito;
2. Deus quer também mostrar a sua justa ira sobre a humanidade pecadora — Rm 9.22 (essa parte dos fatos não foi levada em conta no seu silogismo);
3. Para conjugar esses dois anseios, Deus age não com base em suas “inclinações” (somente seu amor ou somente sua ira), mas sim por meio de um decreto eletivo (o beneplácito ou conselho de sua vontade, mencionado em Efésios 1). É aí que sua vontade afetiva cede lugar à sua vontade decretiva;
4. Assim, por meio da eleição, Deus realiza tanto o seu amor infinito como a sua ira justa.
Veja que, para entender isso, é preciso considerar que Deus quer TAMBÉM mostrar sua ira contra o pecado. Os arminianos não entendem (ou não aceitam isso), pois pintam um deus meio papai-noel, que só quer mostrar amor — um deus criado pela mentalidade popular. Eles erram não obedecendo ao que Paulo diz em Romanos 11.22: “Considerai, pois, a bondade e a SEVERIDADE de Deus...”. Note que seu silogismo o deixou numa situação difícil porque você não considerou a severidade de Deus, mas somente sua bondade. Aí se deparou com o dilema de qual fator impede a suposta vontade de Deus de somente salvar. Quando, porém, se olha para o ensino bíblico completo, percebemos que a vontade completa de Deus (que envolve salvar e PUNIR) não foi frustrada. Antes, pela eleição, seu desejo de salvar e seu desejo de punir foram ambos satisfeitos.
Agora, gostaria de olhar para o problema que você apresentou destacando o drama arminiano. Os arminianos insistem que Deus quer que todos sejam salvos e ponto final. O problema é que, obviamente, nem todos são salvos. Aí entra o problema que você levantou: qual é o fator que impede que a vontade de Deus se realize? A resposta arminiana é simples: o “livre arbítrio”, ou seja, a vontade humana impede que a vontade divina se realize. Opa! Você percebe aonde estamos chegando? A vontade humana impede que a vontade divina se realize!
Isso já é de doer, mas os arminianos saem dessa muito facilmente, dizendo: “Deus permite que seja assim porque ele respeita a vontade humana e, por isso, deixa a decisão com o homem”. Opa! Como é que é? Um Deus de amor, cujo único desejo é salvar todos, vê milhões de pessoas tomarem uma decisão que as leva ao inferno eterno e ele as deixa seguir em frente por respeito!!!
Traga isso para nossa experiência humana. Eu vejo uma pessoa tomar a decisão de beber veneno. Então, como eu a amo muito e respeito sua liberdade, eu permito que ela beba. O que você acha? Tudo bem pra você? Sabendo disso, você diria: “Que pessoa fantástica é esse Granconato! Quanto respeito ele tem pela liberdade das pessoas!”. Você diria isso? Ora, por favor! Em vez disso você me perguntaria: “Pastor, por que você não a impediu? Como pôde ser tão indiferente e deixá-la seguir naquela decisão maluca?”. Se eu respondesse que agi assim por amor e respeito você não diria que eu sou louco?
Pois bem, o deus arminiano é assim: ele deseja apenas salvar a todos, mas, por “respeito”, ele permite que milhões tomem o veneno sem fazer nada, deixando tudo para o homem decidir. Quem decidir ter fé, sorte dele. Quem não quiser ou não conseguir ter fé, sinto muito...
Já o Deus bíblico interfere. Ele sabe que os homens, por causa da natureza pecaminosa e da corrupção de seu coração, se forem deixados à mercê de si mesmos, todos optarão por tomar o veneno. Então ele interfere, livrando milhões de pessoas, falando ao coração delas, convencendo-as do perigo, trabalhando docemente em sua vontade, quebrantando sua mente perversa, concendendo-lhes a fé (dom de Deus), chamando-as pelo nome com sua doce voz e conduzindo-as ao Filho.
Por que esse Deus não age assim com todos? Porque ele quer também mostrar sua ira.
Por que ele escolheu a mim para mostrar seu amor e ao meu vizinho para mostrar sua ira? Esse é o abismo da cruz! Nada de bom foi visto em nós. Eis o mistério! É a graça totalmente gratuita. Diante do abismo eu me curvo com uma mente cheia de perguntas (por que ele me escolheu?), mas também com o coração cheio de gratidão (obrigado porque o Senhor me escolheu).
Bem, acho que já escrevi muito. Espero ter ajudado um pouquinho.
Deus o abençoe em sua busca. A teologia da salvação é uma aventura fantástica. Espero que você cresça nesse caminho e vibre com as verdades da graça inescrutável do nosso soberano Deus.
Abraço fraternal,
Pr. Marcos Granconato
Soli Deo gloria

terça-feira, 10 de março de 2015

APRENDENDO COM A BÍBLIA- VOCE ENTENDE ESTE VERSÍCULO (1 Co 3,6) A LETRA MATA

PAUSE  A WEB RÁDIO PARA PODER ASSISTIR O VÍDEO


Cresçam, porém, na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja a glória, agora e para sempre! Amém. 2 Pedro 3:18



quinta-feira, 5 de março de 2015

AS SETE IGREJAS DE APOCALIPSE: ÉFESO

As Sete Igrejas de Apocalipse: Éfeso

Dennis Johnson23 de Fevereiro de 2015 - Igreja e Ministério

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Éfeso era o lugar de situação da primeira congregação que Jesus abordou no Apocalipse e o Novo Testamento nos diz mais acerca da história dessa igreja do que acerca de qualquer das demais. Plantada por Paulo durante uma breve visita, essa congregação foi alimentada por Priscila e Áquila, cooperadores de Paulo, e depois pelo eloquente expositor Apolo (Atos 18.19-28). Em seguida, Paulo retornou a Éfeso para um extenso período de ministério (três anos), marcado pela vitória do evangelho e do Espírito de Cristo sobre os poderes demoníacos e os aguerridos interesses comerciais em torno do mundialmente famoso templo de Ártemis que havia na cidade (19.1-41). Depois, despedindo-se dos presbíteros efésios, Paulo os convocou a serem vigilantes em proteger as ovelhas de Deus dos “lobos vorazes” e falsos pastores (20.29-30). Escrevendo da prisão ainda mais tarde, Paulo convocou essa igreja à “unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus”, uma maturidade que os capacitaria a permanecer firmes contra a “artimanha dos homens” e a “astúcia com que induzem ao erro” (Efésios 4.13-14). O apóstolo insistiu para que a igreja exercesse o discernimento teológico: “Ninguém vos engane com palavras vãs” (5.6).
Agora, em sua revelação a João, o Senhor da igreja se identifica como aquele que “conserva na mão direita as sete estrelas e que anda no meio dos sete candeeiros de ouro” (Apocalipse 2.1), governando as suas igrejas e habitando nelas por meio do seu Espírito, à medida que elas mantêm acesa a luz do evangelho em um mundo espiritualmente anoitecido.
Ao andar por entre as suas igrejas, muito do que Jesus vê em Éfeso atrai a sua aprovação. A igreja guardou no coração as advertências de Paulo quanto aos predadores de fora e os enganadores de dentro; por isso, Jesus elogia a igreja por seu discernimento teológico em expor apóstolos fraudulentos (v. 2) e recusar-se a tolerar os nicolaítas, cujo comportamento o próprio Cristo odeia (v. 6). A perspectiva dos nicolaítas, sem dúvida, era bem conhecida das igrejas do primeiro século, mas nós hoje devemos ser cautelosos em descrever o seu erro. A partir da reprovação de Jesus à igreja em Pérgamo (a qual, diferente da igreja efésia, tolerava o seu ensino), nós inferimos que os nicolaítas, assim como Balaão muito tempo antes, seduziam o povo de Deus à prática da imoralidade sexual e aos banquetes idólatras (vv. 14-15).
A recusa dos efésios em tolerar as práticas nicolaítas pode estar relacionada a outra qualidade pela qual Cristo os elogia: por causa do nome de Jesus, eles suportaram o sofrimento, sendo marginalizados em uma cidade na qual a vida econômica era governada pelo crescente turismo religioso e pelo setor bancário, ambos associados ao Templo de Ártemis, assim como pela fama de Éfeso como um centro de artes ocultas (ver Atos 19.19-41). Recusar-se a participar das celebrações pagãs das corporações de ofício de Éfeso e de seu celebrado marco era arriscar-se à ruína financeira, mas esses cristãos estavam “[suportando] provas por causa do [seu] nome” (Apocalipse 2.3).
Contudo, Jesus também encontrou uma falha em sua congregação “valente pela verdade”: “abandonaste o teu primeiro amor” (v. 4). Alguns pensam que o “primeiro amor” do qual Éfeso havia caído era a sua devoção ao próprio Cristo. Todavia, diferentemente das problemáticas igrejas em Pérgamo, Tiatira, Sardes e Laodiceia, a igreja efésia não era culpada de flertar com os inimigos de Cristo nem de esfriar em seu zelo por seu Rei. Faz mais sentido concluir que o “teu primeiro amor”, que havia esmorecido, era o seu amor uns pelos outros. Paulo havia ensinado àquela igreja que a sua saúde enquanto corpos de Cristo dependia de “falar a verdade em amor” (Efésios 4.15). Mas parece que aquele importante qualificador – “em amor” – havia sido menosprezado em sua zelosa defesa da verdade. As suas palavras eram fiéis à Palavra, mas eles estavam falhando em “[voltar] à prática das primeiras obras” (Apocalipse 2.5).
Manter-se firmemente agarrado a ambos os pilares – verdade e amor – é um desafio constante para pecadores redimidos, que oscilam como pêndulos de um extremo a outro. Com muita frequência, igrejas e seus líderes ou permanecem firmes em favor da verdade bíblica de um modo vigoroso, mas sem amor, ou então preservam uma aparente unidade e amor, porém à custa da verdade. Certamente, quando a verdade do evangelho verdadeiramente alcança nosso coração, isso resulta em amor pelos outros; e, do mesmo modo, o amor que agrada a Jesus cresce apenas no solo fértil da fidelidade à verdade divina. A solene ameaça de Jesus de remover o candeeiro efésio – de apagar o testemunho de amor pela verdade daquela congregação em meio à sua comunidade pagã – nos mostra quão seriamente ele considera a sua ordem de unirmos a fidelidade doutrinária à Bíblia ao amor sacrificial pelos santos.
Contudo, a sua palavra final não é de ameaça, mas de promessa. Falando não apenas a uma igreja, mas a todas, ele faz uma promessa “ao vencedor”. Assim, “vencer” o maligno é combinar o compromisso com a verdade de Cristo a um ardente amor por sua família. A esses vencedores, o descendente da mulher, que foi ferido mas venceu, há de abrir o paraíso, dando do fruto da árvore da vida àqueles que falam a verdade em amor (2.7).
Que Deus vos abençoe, boa leituta