“O coração ansioso deprime o homem, mas uma palavra bondosa o anima” (Pv 12.25 NVI).
A
década passada foi marcada pelo crescimento exorbitante de casos de
estresse. A humanidade entrou em uma corrida contra tudo e acabou
deixando sua saúde chegar em segundo lugar. Nossa década é marcada por
outra desordem: a “depressão”. Uma geração desanimada, frustrada,
desencorajada e, pior, drogada, dependente de medicações fortes para
manterem o ânimo, a coragem e o bom humor. Mas, por que isso ocorre?
Salomão
tinha essa resposta quase um milênio antes de Cristo. Ele conhecia o
fator etiológico que “deprime o homem”. Apesar de haver casos em que
isso é resultado de um desequilíbrio químico e hormonal do corpo, na
maioria dos casos o fator que causa depressão nas pessoas é “o coração
ansioso”. O problema é quase sempre o mesmo, mas as razões da ansiedade
são diversas. Podem se tratar de medo do futuro, temor da criminalidade,
frustração no casamento, problemas com os filhos, dificuldades no
trabalho, problemas financeiros e relacionamentos turbulentos. Nenhum
desses fatores está ligado a uma condição física que deve ser tratada
com remédios prescritos por um médico. Nós os chamamos de “problemas do
coração”.
Essa ansiedade, quando não é tratada pela Palavra de Deus e
pela confiança no Senhor, é capaz de derrubar qualquer um. Nesse caso,
medicações fortes agem como a bebida para os ébrios: um modo de fugir da
decepção. Entretanto, o “doutor” Salomão oferece também o tratamento
para esse mal. Não são remédios de tarja preta, mas “uma palavra
bondosa”. Segundo esse médico da alma, a palavra bondosa “anima” o
deprimido. Por isso, as Escrituras nos ensinam a fazer exortações, ou seja, nos encorajar mutuamente (Hb 3.13). Ela ensina como tais exortações fortalecem os discípulos de Cristo (At 20.2).
Assim, a igreja do Senhor é chamada a desenvolver um ministério salutar
no meio do seu povo. No final das contas, as palavras encorajadoras e
verdadeiras dos servos de Deus podem ser um remédio mais potente que
analgésicos e calmantes fortes: “Há palavras que ferem como espada, mas a língua dos sábios traz a cura” (Pv 12.18).
Se
a igreja tem um papel importantíssimo no tratamento do coração
deprimido, a própria pessoa acometida pela angústia tem sua
responsabilidade. Em lugar de um “espírito oprimido”, deve buscar um
“coração bem disposto”: “O coração bem disposto é remédio eficiente, mas
o espírito oprimido resseca os ossos” (Pv 17.22). É possível
ver nesse texto quanto o próprio corpo pode sofrer com um abatimento da
alma que chamamos de depressão. Porém, o remédio está em uma atitude que
reage à tristeza, à decepção e ao medo com disposição de enfrentar tudo
isso. É claro que é fácil dizer isso. A pergunta é “como?”. Davi, que
passou por angústias indescritíveis, ensina ser necessário desenvolver esperança em Deus: “Por que você está assim tão triste, ó minha alma? Por que está assim tão perturbada dentro de mim? Ponha a sua esperança em Deus! Pois ainda o louvarei; ele é o meu Salvador e o meu Deus” (Sl 42.11).
Por fim, é necessário também ler e aprender das Escrituras,
pois, além de nos informar corretamente sobre Deus e sua vontade,
também elas têm grande influência sobre o coração dos abatidos: “A lei
do Senhor é perfeita, e revigora a alma. [...] Os preceitos do Senhor são justos, e dão alegria ao coração. Os mandamentos do Senhor são límpidos, e trazem luz aos olhos” (Sl 19.7a,8). O poder curador da Palavra de Deus
em casos de depressão está em — além de nos lembrar das maravilhas que o
Senhor tem para nós no presente e no futuro — corrigir erros que
produzem desilusões como objetivos maltraçados, impulsos egoístas,
ilusões falsas forjadas pela mídia e convicções erradas. O remédio,
nesse caso, não é ingerido pela boca a fim de cair no estômago, mas é
absorvido pelos olhos e deve repousar todo o tempo na mente do servo do
Senhor: “Finalmente, irmãos, tudo o que for verdadeiro, tudo o que for
nobre, tudo o que for correto, tudo o que for puro, tudo o que for
amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de excelente ou digno
de louvor, pensem nessas coisas” (Fp 4.8).
Assim, aqueles que atravessam maus momentos devem ser sábios e buscar ajuda devida entre o povo de Deus, nas Escrituras
e no próprio Salvador Jesus a fim de serem lembrados das verdades
eternas e serem encorajados a continuar ombro a ombro com pessoas que
realmente se importam com ela e não com seus recursos financeiros. Que
os médicos tratem os desequilíbrios químicos do corpo e que todos os
outros causadores de depressão nos crentes sejam tratados pela verdade,
pelo amor e pela esperança no nosso redentor Jesus Cristo. No final, o
melhor tratamento para depressão é gratuito e não deixa os sentidos
entorpecidos.
Pr. Thomas Tronco
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